IRMÃ MARIA ESTÊVÃO DA SILVA
Data de Nascimento: 24 / 07 / 1924
Primeiros Votos: 14 / 01 / 1947
Votos Perpétuos: 14 / 01 / 1952
Páscoa: 09 / 07 / 2015
Queridas Irmãs,
Muito nos custa afirmar que a nossa querida IR. MARIA ESTÊVÃO não nos dá mais a satisfação da sua presença física, pois no dia 9 de julho p.p. o Senhor chamou para si sua humilde serva.
Nascida aos 24 dias do mês de julho de hum mil novecentos e vinte e quatro, na fazenda Santo Antonio, município de Poconé – MT, filha do Sr. Hilário Manuel da Silva e da Sra. Umbelina Carolina da Silva. Casal simples, trabalhadores sitiantes, que preocupavam em passar aos seus filhos além da união, a honestidade acima de tudo. Desse casamento nasceram nove filhos, entre eles, a Ir. Umbelina, que foi durante 47 anos missionária no Senegal cujo país traz em seu coração. Quando seu pai faleceu Ir. Maria Estêvão estava com 14 anos.
Tanto Ir. Maria Estêvão como Ir. Umbelina estudaram no Asilo das Irmãs Azuis em Poconé. A história da sua vocação transcrevo o que a própria Ir. Maria Estêvão relatou quando em certa ocasião lhe foi pedido.
“ Conheci as Irmãs do Asilo Imaculada Conceição no ano de 1942, por intermédio de Dna. Mirota de Almeida Lobo, amiga da minha família. As Irmãs que me receberam no internato: Madre S. Lucas que logo depois foi transferida para Cáceres, sendo substituída por Madre Luiza Bertrand. As irmãs eram: Ana, Batistine, Natividade, Marie Ange. Chegou no ano seguinte Ir. Tereza María, paraguaia, ficando apenas um ano em Poconé.
Cursei 4ª e 5ª séries, tendo como colegas Ir. Francisca Tereza e Ir. Terezinha do Menino Jesus entre outras jovens. As Irmãs logo observaram que Deus me chamava à vida consagrada. A formação que eu recebi de meus pais, sobretudo da minha mãe, me havia preparada para assumir uma vida responsável, exigente e doada.
Uma noite, como outras, eu estava dobrando a colcha da cama de Ir. Ana e ela se aproximou de mim e perguntou-me. Você quer ser Irmã? Sem hesitar, lhe respondi: Não tenho coragem de deixar minha mãe. A partir daquele momento o chamado de Jesus foi sendo mais claro e persistente. Isto foi martelando o meu coração. Foi me preocupando e inquietando-me. No dia do meu aniversário a Madre Luiza me chamou na sua sala e apresentou dois santinhos, num deles Jesus estava batendo a porta fechada e no outro estava do lado da porta aberta uma jovem que havia respondido sim. A Madre me perguntou qual dos dois eu queria, eu escolhi o segundo. Desde então tudo foi clareando na minha mente. Eu sentia o carinho de Jesus. Ele me cativou realmente. Quando decidi mesmo falei com minha Mãe, com meu irmão mais velho, Antonio José, quem assumiu a responsabilidade no lugar do papai, desde que ele faleceu.
Mamãe, com lágrimas nos olhos, disse: se você deseja ser irmã, vai, eu não lhe impeço. Meu irmão ficou feliz, pois ele se preocupava muito comigo e com Ir. Umbelina.
A vida das Irmãs era um espelho para nós. Vida sacrificada, doada ao extremo, eram missionárias em todo o sentido da palavra. A vida de oração e comunitária que elas viviam me encantava. O Deus só que Emilie viveu elas também viviam e davam testemunho de alegria, simplicidade e inculturação a ponto de brincar de queimada no recreio de meio dia com as internas e no brinquedo de roda no recreio da noite, como qualquer uma de nós.
O que desperta vocação nas jovens é o amor a Deus testemunhado no dia- a- dia . “
Foi enviada para fazer seu Noviciado na Argentina; após os meses de postulantado recebeu o hábito azul e o véu branco, no dia 14 de janeiro de 1945, mudando o nome, de Filomena, como era costume na época, para Ir. Maria Estêvão, demonstrando o carinho por sua irmã de sangue, Maria Estevan ( hoje Ir. Umbelina ). Durante esse tempo dizia que guardava em seu coração duas lembranças indeléveis: Uma, da mãe que lhe contara a história de sua infância o que fizera para que essa frágil criança pudesse sobreviver. Outra a separação do seu querido sobrinho, que já havia completado sete aninhos de vida não entendendo a despedida, por mais que fosse apenas física e temporária, mesmo assim estavam sofrendo muito.
Terminados os dois anos de Noviciado os quais ela sempre dizia que foram anos de graça, ela pronunciou seus primeiros votos no dia 14 de janeiro de 1947, para sua alegria, foi enviada para o Colégio de Cáceres como professora. Viajou durante dois dias de Poconé à Cáceres numa jardineira, único meio de transporte possível. Foi aí que ela muito trabalhou, viu gerações de alunas passarem por suas mãos, educando-as para os valores cristãos que formam o caráter da pessoa. Dr. Torres, o administrador da fazenda RESSACA, pediu sua ajuda na evangelização dos trabalhadores daquela usina. Sendo uma usina de cana de açúcar, onde se fabricava a pinga, era uma perene tentação contra a qual ela teve que lutar muito, na recuperação daquelas pessoas alcoolizadas. Ela usava de uma pedagogia toda própria. Nomeando –os desde soldados até General, aqueles que quisessem entrar no QUARTEL de Jesus. Conforme iam deixando a bebida, eram graduados com uma medalha do Sagrado Coração de Jesus. Dessa forma resgatou muitos deles.
Em 1952 voltou para a Argentina onde pronunciou seus Votos Perpétuos. Constatando nela o perfil para uma formadora, foi enviada para o Colégio Notre Dame de São Paulo em 1955 onde além das muitas aulas de Matemática e Ensino Religioso, era responsável pelo grupo de Juvenistas ( hoje vocacionadas ), muitas das quais são Irmãs e várias assumiram cargos de responsabilidade na Congregação, como Angelina Bridi que foi Superiora Geral por dois mandatos.
Em 1971 retorna à Cáceres como Superiora e Diretora do Colégio para a alegria do povo cacerense. Seu zelo parecia esticar suas horas, pois achava tempo para assumir o Apostolado da Oração não só na Paróquia como em várias comunidades. Sempre preocupada com a saúde tanto das Irmãs como dos alunos e todos que moravam no Colégio.
Quando em 1977 seu querido irmão Carlos foi brutalmente assassinado, após um certo tempo, depois de muita preparação espiritual e muita luta interior, Ir. Maria Estêvão foi ao encontro do assassino lhe dizer que o perdoava, o que proporcionou para ela uma grande paz, como confessou.
Em 1980 foi a Comunidade de Barra de São Francisco com seu Colégio Santa Teresinha que teve a dita de recebê-la como Superiora e Diretora; sempre apóstola incansável.
Em 1984 é Cáceres que novamente a recebe para retomar suas atividades com o mesmo zelo de sempre, até que a chamam em 1987 para dar sua colaboração no hospital de Poconé . Nessa época tinha sido nomeada Conselheira Provincial e assumiu também a Coordenação da Comunidade.
Em 1987 foi-lhe pedido para trabalhar durante um ano no Hospital Geral de Poconé, onde testemunhou o amor ao próximo e a união .
De 1988 a 1991, foi Mirassol D´Oeste que a recebeu onde adquiriu novas experiências mexendo com hortaliças, fazendo deliciosos bolos e dando continuidade a sua missão religiosa, na Igreja e na Escola. De 1992 a 1995 retorna à Cáceres, desta vez na Paróquia Nossa Senhora Aparecida e por pouco tempo foi para Poconé dar a sua contribuição trabalhando na secretaria da Paróquia e no Colégio Madre Luiza Bertrand.
Seu apostolado junto aos enfermos no Hospital São Luiz foi incansável. No dia 15 de maio de 2000, deu início ao trabalho do Voluntariado com um grupo de 35 membros, hoje mais de 80. Sua saúde foi se deteriorando tendo que permanecer na chácara Santa Rosa onde passou seus dias na oração, serenidade e atenção a todos. Como não podia deixar de ser coroou seus dias em Cáceres, onde por sinal havia demonstrado o desejo. O Coração de Jesus veio buscá-la no da 9 de julho de 2015. Foi velada na Câmara Municipal, cheia de coroas de flores, rodeada das suas Irmãs, dos seus parentes que vieram em dois ônibus de Poconé e Cuiabá; de tantos amigos, ex alunos e sobretudo dos Voluntários que sempre cuidaram dela e que se fizeram presentes em tempo integral no seu velório.
Irmã Maria Estêvão, querida filha da Santa Emilie, interceda em favor da Congregação que você tanto amou. Suas Irmãs da Província Maria Imaculada MT/AM/BO
Transmitimos na íntegra alguns dos testemunhos:
Muy queridas Hermanas de la Provincia de Mato Grosso,
Acabamos de recibir la noticia y aquí junto a la Buena Madre lloramos la ausencia de Maria Estevao, al mismo tiempo que sentimos una gran paz al recordar su ser de hermana y su vida tan llena y tan referente para todas nosotras. Su gran ahora Dios y a los pobres nos recuerda lo que motivo la Vida de la Buena madre y hoy la nuestra cada dia.
Para maria estevao Dios y los pobres fueron siempre su centro y esto lo vivió con mucho amor en la Congregación.
Damos gracias a Dios por ella , por habérnosla dado a la Congregación y a ella por su respuesta.
Ahora nos costra mucho vivir sin ella pero su ausencia sera una presencia que nos rcordara lo esencial en nuestra vidas y en la de los laicos con los que tanto trabajo y quiso .
Estamos con Uds. y les acompañamos con todo en el corazón y ya nos imaginamos el abrazo que la Bueena Madre le debe haber dado.
Compartiendo este dolor y esta esperanza les abrazan sus hermanas del equipo de Animación general. Nuria en nombre de todas.
São Paulo, 09 de julho de 2015
Minhas mui queridas Irmãs da Província do Mato Grosso.
Escrevo estas páginas, em nome das irmãs da Província de S. Paulo, com o coração apertado e as lágrimas nos olhos. A notícia da ida de Ir. Maria Estevão para a casa do Pai deixa muitas de nós, emocionadas. De minha parte muitas coisas afloram na memória vindas da vida desta grande mulher que foi minha primeira formadora lá pelos idos anos 60 quando entrei na Congregação.
Responsável pelo aspirantado no Colégio Notre Dame, aí passei os 3 primeiros anos de formação orientada por ela. Até hoje seus ensinamentos estão gravados em meu coração, minha memória e fazem parte de muitas práticas de minha vida.
Ir. M. Estevão, profundamente humana e exigente ao mesmo tempo. Mulher sábia, inteligente e sensível, sabia orientar desde os mínimos detalhes da vida assim como dava a formação intelectual e religiosa. Quando necessário, corrigia com doçura, como nos ensina nossa Santa Madre Emilie.
Deixa um grande vazio. Imagino que a cidade de Cáceres usufruiu muito dos dons e capacidade de entrega desta nossa querida Irmã que enquanto teve forças e lucidez não deixou de dedicar-se aos doentes e pobres.
Queridas Irmãs todas: nossa Província se une a vocês neste momento de dor marcado pela despedida desta nossa cara Irmã. Ela que formou tantas jovens que hoje são irmãs Azuis na sua e nossa Província de São Paulo, estará intercedendo pelas que ficamos e sobretudo, pedindo que outras jovens possam responder ao chamado de uma consagração radical a serviço do Reino de Deus que ela tanto serviu neste mundo.
Querida Ir. M. Estevão: parta feliz, pois sua vida iluminou muita gente e os lugares por onde passou ficou marcado pelas suas atitudes, seu amor e dedicação. Como gostaria de estar aí neste momento ! Desde aqui receba o meu abraço de uma até logo !
Recebam queridas irmãs nosso carinho fraterno e a certeza de nossas preces para que vivam este momento com a força do Senhor, a ajuda de Maria Imaculada e Santa Emilie, com quem ela já está.
Irmã Umbelina querida: a você os nossos sentimentos especiais, pois você perde não somente uma irmã de Congregação, mas ao mesmo tempo uma irmã de sangue. Ela lhe faltará duplamente.
Suas irmãs da Província de S. Paulo as abraçam com carinho. Ir. Angelina Bridi
Querida Marluce, queridas irmãs da querida província de Mato Grosso
“Venho prestar minha solidariedade e expressar meus sentimentos, com a partida de nossa querida Ir. Maria Estevão. Embora a partida e chegada à Casa seja nossa maior certeza e esperança, parece que sempre somos pegas de surpresa...
Em meio a dor da separação e da saudade, também festa da fidelidade criativa, da missão cumprida e do exemplo que fica... Ir. M. Estevão pode dizer com S. Paulo: "acabei a minha carreira, guardei a fé; agora me está¡ reservada a coroa que o senhor, Justo Juiz, me dará¡ naquele dia"... A todas e a cada uma, de modo especial à ir. Umbelina, o meu abraço com fraternura.
Certamente, o encontro com a família da terra, especialmente com Dna. Umbelina que eu tive a alegria de conhecer, com todas e todos os familiares que a precederam, com todos os membros de nossa Família Azul, ela agora canta no céu as glórias do Cordeiro Vencedor.
Unida na oração e na esperança da ressurreição.” filó
“Estou muito unida a cada Irmã da província de Mato Grosso pela partida de ir. Maria Estêvão.
Eu a queria muito. Sei que a dor é grande, mas é preciso viver de fé neste momento.
Que Deus e Maria estejam com cada uma dando-lhes força e consolo.
Abraço a cada uma com muito carinho.” Maria Luiza
Queridas Irmãs,
De Haiti estamos mui unidas a toda a Província; louvamos e agradecemos a Deus pela vida da nossa querida Ir.Maria Estevão.
Nós as acompanharemos, desejando-lhes um frutuoso retiro.
Com carinho o nosso abraço. Antonia
"Muitas pessoas que a conheceram já testemunharam: a sua vida exemplar, na vida religiosa totalmente doada a Deus e aos irmãos. Onde Ir. M. Estevão encontrava essa força, ardor e alegria para realizar tanto bem ao longo do percurso de sua vida, senão nas raízes profundas da fé encontrada no seio materno, na educação e exemplos de nossos pais, na oração de cada dia que fazíamos em família.
Desde cedo ela se mostrou voltada para Deus, desenvolvendo cada vez mais essa relação íntima e constante com Ele. Quantas vezes tive o privilégio de ouvir suas confidências sobre seu relacionamento amoroso com Jesus e N. Senhora. Por isso acredito e espero que ela continuará intercedendo por todos nós agora que ela possui o Eterno Bem para sempre. "
Ir. Umbelina
Queridas irmãs da Província Maria Imaculada
Como não sentir profundamente a partida desta querida irmã e que foi também minha primeira mestra de juvenato?
Com ela aprendi a ser irmã azul conforme nosso carisma e espiritualidade, a viver a fraternidade em comunidade, a moldar o caráter, a doar a vida... Ela falava a nós e nos ensinava também com sua coerência de vida, o amor ao trabalho, seu ardor missionário e desde a experiência nos impulsionava, mesmo sendo ainda adolescentes, a estar nas paróquias, a ajudar as irmãs nas classes, a cuidar das coisas materiais e sobretudo das espirituais. Quanto isso tudo contribuiu na nossa formação!
Hoje, mais que um adeus, quero entoar um hino de gratidão ao Senhor da Vida que fez de Irmã Maria Estêvão um presente à Congregação, ao mundo e quero dizer particularmente à minha vida. Agradecer por sua consagração a Deus e ao Reino vividas na fidelidade, no amor e na alegria.
Peço a Maria Imaculada que a acolha e que, junto com Emilie e nossas outras predecessoras, nos acompanhem em nossa caminhada.
Um abraço forte e solidário com muito carinho. Sua Irmã, Rosângela Altoé
“Ir. M. Estevão nos deixa um imenso legado de fé e amor ao Sagrado Coração de Jesus, doentes e aos pobres; exemplo de fidelidade e ardor missionário. Me lembro bem dela ainda em B. S. Fco. na direção do Colégio e minha professora de matemática...ensinando com criatividade e músicas... Carinho e Preces. “ Rosângela Sílvia