Queremos partilhar com vocês desde Haiti, a alegria de receber a notícia de um grande passo no processo de canonização de Nossa Boa madre Emilie.
Partilhamos também outra alegria: a de receber a visita de Françoise de Villeneuve em nossa casa. Com efeito, ela partilha nossa vida fraterna de cada dia. Com ela se encontra também Rosangela
Maria, que veio para acompanhar um programa da Pastoral da Criança, trazendo-nos notícias de todas.
ADEUZINHO, ROSA BONI !
Depois de mais de dois anos de trabalho e missão no Haïti, a Irmã Rosa Boni, fundadora da comunidade neste país, volta para o Brasil. Na Casa, há mais de uma semana é um desfile contínuo de pessoas pobres e amigos. Obrigado Rosa pela sua presença aqui, entregando sua Vida ao Cristo, junto com a gente e os mais pobres da periferia de Porto Príncipe.
A todos/as uma saudação haitiana cheia de calor que este povo oferece e ao mesmo tempo cheio da compaixão que inspira. Vivi dias intensos constatando quanta gente continua passando
muita fome. Vi, senti e muitas mulheres começam o dia sem nada buscando qualquer coisa para fazer algo para dar de comer. Parece mentira, mas ainda se vive assim e depois do
terremoto tudo foi acentuado.
Comove-me ver a paixão das Irmãs em ajudar a dignificar a vida e oferecer trabalhos às mulheres para que ganhem um pouco de dinheiro e possam manter a comida diária com um pouquinho. Com
a Pastoral da Criança fazem milagres e necessitam muito apoio e ajuda. Uma realidade provocativa e convidativa que torna vivo nosso Carisma aqui. O centro de formação abrirá em junho.
Obrigada pelo apoio e oração, amanhã saio para México onde nos reuniremos com o Irmão provincial de la Salle.
Dia 25 à tarde, com Norma, chegaremos a Roma.
Fotos: Diálogo entre as mulheres do ateliê de bordado e o voluntários da família de La Salle.
Haiti, Porto Príncipe, junho de 2012.
Queridos Leigas/os, Irmãs e Irmãos:
Como estão? Tanto tempo! Não pensam que as (os) esquecemos, ao contrário. Damo-nos conta que o tempo passa “rapidíssimo” e já fazem meses que lhes escrevemos nossa última carta!
Acabamos de completar “nove meses de vida no Haiti” Sim, temos passado todo um tempo de gestação, bem cuidadas e recebendo muitos gestos que nos foram nutrindo para um tempo de “nascimento”. Hoje
podemos dizer que vamos vivendo muitos detalhes na missão como se fosse já muito tempo vivido no Haiti: comunicamo-nos com maior fluidez, sentimo-nos mais seguras de guiarmo-nos sozinhas em
contextos diferentes... vamos conhecendo esta cultura que cada vez nos surpreende com a tenacidade e a luta das mulheres pela sobrevivência cotidiana. Sentimos que estamos fazendo “caminho com os
mais pobres”, armazenando dentro de nós vivências que ainda não compreendemos e certezas que nos indicam o caminho. Diante de muitos detalhes, ficamos “mudas” pedindo que nossa paciência
seja fecunda.
Não se preocupem, essa carta não será tão longa como a anterior, somente tentaremos partilhar-lhes algumas das vivências mais fortes. Coloquem-se cômodas(os), como quando alguém se encontra com
um(a) amigo(a) que faz tempo que não se vê...
A nível de País: dizer-lhes que novamente temos um primeiro Ministro, depois de passar por um momento de “sensação de instabilidade”, e de uma “revolta” interna de uns ex-policiais que reclamavam
as promessas feitas em campanha anteriores às eleições. O Governo tem muito bons projetos para uma “Educação Gratuita” que esperamos que possam tornar logo realidade, porque há muitas crianças
pobres que não podem estar na escola por falta de vagas e outros que abandonaram porque não podem seguir pagando.
Grande parte dos escombros do terremoto foram retirados, às vezes com a força física fazendo cadeia humana até um caminhão desgastado. Em algumas regiões mais afetadas pelo terremoto começaram a
ser reconstruídas. Temos ouvido dizer que os acampamentos localizados na cidade de Porto Príncipe vão desaparecer. Para onde irá tanta gente, sabemos que muitos “já” estão armando suas tendas nas
ladeiras das montanhas que estão a caminho do mar, por conseguinte, sem nenhum serviço público, por enquanto. Haiti recebeu trinta mil arvorezinhas para serem distribuídas em Porto Príncipe,
muitas delas são árvores frutíferas. Deixemos cada um(a) imaginar a quantidade de benefícios que isto supõe.
Partilhar-lhes que antes da Páscoa, outra irmã Azul pisou em terras haitianas, Susana Ramos veio visitar-nos por uns vinte dias. Vivemos junto com ela momentos de passeios, convivência, diálogos
e encontros. Fizemos um “mini Atelier do Bicentenário do Nascimento de Emilie”. Foi novidade, enriquecedor e desafiante fazê-lo a “partir do Haiti.” Aprofundar “os desejos-sonhos de Emilie” para
descobrir o que ele nos revela de Emilie, e a que inspiraram, como foi conduzindo, etc... e aprofundar “os nossos” a partir da compaixão do Samaritano, vivendo em uma realidade haitiana com
tantas limitações para quem nada tem... foi verdadeiramente compreender um pouquinho mais sua expressão – “Que este JUBILEU seja para nossa alma a época de uma inteira renovação”. Para muitos de
vocês não é novidade dizer-lhes que cada vez que nos aproximamos das buscas de Emilie para fazer possível “aquilo que via com claridade”, contribui-nos com novos olhares para o caminho
renovando-nos o sentido de nossa missão.
Fraternidade com empatia. Com nossos Irmãos Lassalistas, com quem temos um “Projeto comum”, “vamos fazendo um caminho de uma boa fraternidade”. Reunimo-nos em várias oportunidades e sempre em
clima agradável e com muita disposição nas buscas. De maneira particular com o Irmão Nicolás – greco – com quem partilhamos almoços, acompanhados de longos diálogos com respeito aos seus sonhos
em relação ao Projeto do Colégio. Implicou-se com a “cozinha comunitária”, nós o víamos contente caminhando entre as tendas saudando as famílias que nós lhe apresentávamos. Deu-nos as madeiras e
ajudou a colocar a estrutura onde está localizada a cozinha. Nós seguimos sentindo falta do Irmão Antônio, que se transformou em “nosso irmão” e teve que viajar para a Espanha por causa do
delicado estado de saúde de sua mãe.
Dizer-lhes que o Centro já está financiado e começará sua construção depois que se finalize o colégio. Os Irmãos desejam começar as classes em setembro. Nos fins de junho as crianças haitianas
iniciam suas férias de verão…certamente bem merecidas, porque faz um calor impressionante. Há um mês lutamos contra ventos impetuosos. A Ilha arde nesses momentos!
A cozinha Comunitárias já é uma realidade, depois de um tempo de vínculos com as famílias das tendas e de entrar em contato com “a maneira como eles se organizam”. Surgiu a necessidade de
realizar uma “Cozinha Comunitária”. Formou-se uma Comissão de onze famílias para esse fim e hoje, já tem um grupo de mulheres muito entusiasmadas de segunda e sexta-feira cozinham, comem, vendem
e dão comida a famílias com fome.
Com a generosidade de VOCÊS leigas(os) das comunidades, dos colégios, e Irmãs das Províncias da Congregação, vamos respondendo minimamente às necessidades mais urgentes: “A fome e um trabalho
para o sustento diário”. Quando se aproximam de nós solicitando ajuda, pedimos que se organizem em pequenos grupos quem tem as mesmas inquietudes para ver “juntos o que podemos fazer”... temos
quatro Projetos que vamos acompanhando. Um dos projetos apresentados é para os jovens que querem iniciar um pequeno trabalho em conjunto, noventa por cento são órfãos e vivem da generosidade dos
vizinhos ou de algum familiar. Muitos deles desejam continuar com seus estudos.
Nossos queridos “TODAS(OS)” animamos cada um a que não se cansem de desenvolver sua criatividade para com os mais pobres, quem são os mais vulneráveis nas políticas injustas. Se qualquer
um(a) de vocês estivesse vivendo no Haiti diria, talvez, o mesmo: NÓS NECESSITAMOS DE VOCÊ! TODOS POR HAITI!...Não queremos despedir sem antes SEGUIR AGRADECENDO-LHES as mensagens, as chamadas
por skype e todos os sinais de COMUNHÃO.
Um carinhoso abraço da Comunidade Missionária no Haiti: Rosa, Antonia e Isabel.
P.S. Esta quarta, 13 de junho, Antônia celebrará seu primeiro aniversário em Haiti.